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Juma

Filha dos búzios

O artesanato é a principal fonte de renda de Juma, que trabalha com muito amor para garantir o futuro da filha

Francisca Luziane Costa, 26, mais conhecida como Juma, é uma das poucas artesãs de Majorlândia que trabalha com búzios, atividade que exerce desde 2012. Antes disso, trabalhou em pizzaria, pousada, restaurante e em outros estabelecimentos.

 

Quando descobriu a arte, começou a trabalhar para si mesma, abrindo mão até de algumas oportunidades de emprego. Juma diz que se sente mais satisfeita trabalhando em casa, do jeito dela e ao lado do marido, que também é seu companheiro de artesanato. “A gente não quis mais trabalhar em outra coisa, não. Nem eu e nem ele”, conta.

O cunhado do marido dela, que já trabalhava com artesanato, foi quem sugeriu que eles começassem a produzir e vender peças artesanais feitas com búzios. No começo, Juma não se animou, mas depois abraçou a ideia e resolveu arriscar, já que ela e o marido estavam desempregados. “Muito material é reciclável, então ia sair barato e eu podia ganhar algum dinheiro”, explica.

 

O investimento na arte é baixo e ela conta que compra apenas tintas, cola, biscuit (massa de modelar) e, às vezes, madeira. O restante do material, ela sempre arranja. Garrafas PET, galhos de árvores e restos de madeira são exemplos de materiais que Juma reutiliza na composição de suas peças, dando-lhes uma nova vida.

 

No início, a artesã comprou trabalhos de outros artistas que iam vender em Majorlândia e usou as amostras para aprender a fazer em casa. Ela conta que as primeiras criações não ficaram como o esperado, mas que continuou buscando aperfeiçoar as técnicas. Uma das dicas que recebeu foi a de dar brilho às peças usando verniz.

 

Durante esse período, a pressa em terminar os modelos dificultava o trabalho. Por querer fazer tudo de uma vez e ver logo as peças finalizadas, elas não secavam bem e, logo depois de prontas, desmontavam. Hoje, Juma divide as etapas para garantir a segurança e a qualidade do trabalho. “A gente faz o corpinho, espera secar, faz a saia, espera secar, porque aí o acabamento do artesanato fica melhor, não fica com aquela coisa de alguém pegar e quebrar”, mostra.

 

Depois que aprendeu a arte, começou a inventar suas próprias peças, buscando um diferencial. Hoje em dia, ela faz sapos, baianas, tartarugas, pintinhos, caranguejos e o que mais a criatividade lhe permitir. “O que eu vejo que dá pra eu fazer, aí eu vou criando”, ela diz, orgulhosa de suas criações.

 

Eu gosto de criar, de ver a arte que é minha... É bom quando você faz o que é seu, uma criação que é sua, diferente...

Em Majorlândia, outros artistas também vendem artesanato com búzios, mas Juma diz que sempre procura dar um toque especial para deixar sua marca. Ela, que se considera uma verdadeira artista, demonstra satisfação com o próprio trabalho. “Eu gosto de criar, de ver a arte que é minha... É bom quando você faz o que é seu, uma criação que é sua, diferente...”, vibra.

 

O ponto de vendas é privilegiado, pois fica no trecho da praia onde a movimentação é mais intensa. Juma explica que precisava de um local para vender suas peças quando a filha nascesse. “A gente começou a fazer e ficou que nem os feirantes, montava uma barraquinha e ficava vendendo”, ela diz, recordando também o período em que oferecia o trabalho andando pela praia e chegava a ganhar até dois salários-mínimos por mês.

 

Além de trabalhar com artesanato, Juma também é mãe e dona de casa. Assim, divide seu tempo entre fazer arte e cuidar da filha Luma, de 1 ano. “Quando ela [filha] deixa, eu vou fazendo devagarzinho”, brinca, afirmando que antes de ser mãe o ritmo de produção era bem maior. “A gente produzia muito, umas 200, 300 peças por semana, hoje não chega nem à metade disso”, analisa.


Com a chegada da filha, conseguir a matéria-prima também ficou mais difícil, pois não tem tempo de ir pessoalmente apanhar os búzios na praia. “Agora, a maioria das vezes eu compro. Aí, em média, a gente compra uma saca de R$ 40,00”, revela, mencionando que há duas pessoas em Majorlândia que vendem búzios para artesanato.

 

Normalmente, Juma trabalha na barraca apenas durante os fins de semana e vende, além das peças produzidas por ela e pelo marido, lanches e criações de outros artistas. O lucro depende da época. Em meses de férias, os dois vão para a praia todo dia e conseguem aumentar o total arrecadado, mas durante a baixa estação, o artesanato rende somente um salário mínimo por mês.


Como forma de aumentar a renda, Juma resolveu ampliar os horizontes, decidindo aprender a arte da areia colorida, que também faz muito sucesso entre os turistas. Ela conta que se interessou mais por ser uma arte que vende muito, principalmente se o artesão demonstrar como as peças são feitas. “Eu acho que se eu aprender a fazer, eu vou vender mais, porque eu posso demonstrar pro turista como é que faz”, acredita. E com essa disposição, Juma se mostra determinada a aprender, inovar e aperfeiçoar a sua arte.

Mãos de Majorlândia é fruto da disciplina Agência Experimental em Jornalismo. Produzido por estudantes de Comunicação Social da Uern. 2016

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