top of page

Diário de Viagem

Dia 1

Dia 2

Assim que chegamos à praia, fomos saber onde ficava a casa de Dona Bia, famosa labirinteira de Majorlândia. Conseguimos o endereço dela e saímos em busca da nossa primeira reportagem. Dona Bia já se acostumou a dar entrevistas, então, para ela foi fácil conversar com três aspirantes a jornalistas.

 

Caminhamos muito até a casa dela. Ao chegarmos lá, ofegantes, batemos palmas e aguardamos um pouco, contemplando o mar que se movia preguiçosamente naquela manhã de sábado. Minutos depois, Dona Bia apareceu para nos receber. Ela nos ofereceu três cadeiras e disse que ficássemos à vontade. A entrevista se desenvolveu ali mesmo, no alpendre.

 

Naquele momento, a popularidade da labirinteira ficou evidente. Por vezes, alguns moradores a cumprimentaram na hora da entrevista. Ela, sempre muito atenciosa, retribuía a gentileza e depois nos perguntava: “O que eu dizia mesmo?”. E foi assim que a conversa fluiu. Se não tivéssemos outras responsabilidades, passaríamos facilmente a manhã toda com ela.

 

Dia 4

Dia 3

Tivemos nosso segundo contato com Dona Bernadete, que nos recebeu muito bem na visita anterior. No entanto, entre tantos becos que existem em Majorlândia, acabamos nos perdendo. Felizmente, tivemos a ajuda de um morador da praia, que se solidarizou ao nos ver sem rumo, debaixo de sol forte, carregando bolsas, câmeras fotográficas e blocos de notas.

 

Quando chegamos, Dona Bernadete estava com o rádio ligado. Ela tinha acabado de lavar roupa e, pelo visto, continuaria em seu labor diário, não fosse a nossa chegada. Pedimos gentilmente para ela desligar o rádio para podermos conversar. Ela nos ofereceu cadeiras e iniciamos a entrevista.

 

Dona Bernadete é forte e batalhadora, mas é também uma mulher de poucas palavras. Só depois de um tempo ela abriu o coração e demonstrou toda a satisfação de trabalhar com artesanato. Nossa conversa ainda rendeu por quase uma hora, quando finalmente a deixamos com suas palhas de carnaúba, fiéis companheiras, que virariam grandes esteiras e tranças quando anoitecesse.

Era uma manhã movimentada de domingo e vários artesãos aproveitaram para expor seus trabalhos no calçadão de Majorlândia. Logo que descemos do ônibus, avistamos o ponto de Juma com várias peças feitas com búzios expostas no balcão.

 

Nós nos aproximamos perguntando se era ela quem fazia aquele trabalho tão caprichoso e delicado. Diante da resposta positiva, estendemos a conversa e vimos que Juma poderia ser uma de nossas entrevistadas. Anotamos o número de telefone dela e dissemos que voltaríamos em outro fim de semana.

 

No dia marcado, chegamos cedo e Juma ainda não estava lá. Meia hora depois, ela apareceu com o marido, Cristian, e a filha, Luma. Pelo suor no rosto e expressão cansada, deduzimos que a caminhada tinha sido longa. Assim, demos um tempo para ela descansar antes de iniciarmos a entrevista. Enquanto isso, Luma estava agitada no colo do pai, que lhe ofereceu um picolé para acalmá-la. O agrado deu certo e a nossa conversa com Juma pôde fluir tranquilamente.

Caminhamos pela beira da praia até chegarmos à casa de Pisca, que é bem simples, mas possui uma bela vista para o mar. Com alguns passos, ele já está em seu ambiente de trabalho: uma espécie de quiosque onde faz suas peças em areia colorida para vender.

 

Pisca se mostrou muito atencioso desde que chegamos. Primeiro, ele nos contou a história da avó, Joana Carneiro, criadora da arte em areia colorida. Depois, pediu licença e foi buscar um livro com várias fotografias para explicar melhor como a areia é extraída das falésias até virar lindos desenhos dentro de frascos dos mais variados tipos.

 

Quando encerramos a entrevista, pedimos para ele fazer uma demonstração. Em questão de segundos, Pisca fez nascer um boi na areia. Àquela altura, já estávamos impressionados com a habilidade dele, mas nos surpreendemos mesmo quando ele libertou o boi da garrafa usando uma colher de sopa. Fizemos uma foto e Pisca levou o animal novamente para dentro do frasco, intacto. 

 

Mãos de Majorlândia é fruto da disciplina Agência Experimental em Jornalismo. Produzido por estudantes de Comunicação Social da Uern. 2016

bottom of page